No início de novembro deste ano (2025), a Nagata & Gasparini Consultoria em Gestão de Processos na Saúde participou do Web Summit Lisboa 2025, como audiência, e aproveitou o evento para absorver todas as novidades apresentadas e compartilhar com nossos clientes.
Traremos uma série de artigos (daily), com um resumo prático e direto das palestras que acompanhamos, insights aplicáveis para líderes, times de inovação e clientes da nossa consultoria.
Vamos destacar as ideias acionáveis, debates relevantes sobre inteligência artificial, segurança digital e sustentabilidade, além de tendências que já estão moldando estratégias de produto e go-to-market.
Nos próximos tópicos você encontrará: pontos-chave de cada sessão, implicações estratégicas para empresas brasileiras e recomendações concretas para quem precisa transformar aprendizado em resultado.
Sobre o Web Summit 2025
O Web Summit é uma conferência internacional anual que reúne líderes de tecnologia, fundadores de startups, investidores, empresas estabelecidas, jornalistas e representantes de governos para debater tendências, mostrar produtos e facilitar conexões de negócios no ecossistema global de inovação.
Estrutura e propósito do evento
O formato do Web Summit combina palestras (com nomes de peso da indústria), dezenas de palcos temáticos (tracks), áreas de exposição para milhares de startups, sessões de pitch para investidores, meetups e atividades de networking, tudo pensado para conectar ideias, capital e mercado.
Panorama da edição Lisboa 2025
A edição de 2025 ocorreu em Lisboa, no Parque das Nações / MEO Arena, entre 10 e 13 de novembro de 2025, mantendo a cidade como palco principal do festival europeu de tecnologia.
Números e presença global em 2025
A edição de 2025 reuniu mais de 70 mil participantes vindos de cerca de 150–160 países, com milhares de startups e mais de mil investidores presentes, consolidando novamente o Web Summit como um dos maiores encontros de tecnologia do mundo.
Temas, destaques de programação e palestrantes
A edição teve como tema central o avanço da inteligência artificial e suas implicações (modelos agentic, vibe coding, IA generativa), além de tópicos como:
Palcos e painéis especiais incluíram um espaço dedicado à China e sessões sobre chiponomics e infraestrutura para IA.
Entre os nomes que estiveram nos palcos estavam fundadores de startups unicorns, executivos de grandes empresas e personalidades como Maria Sharapova, Khaby Lame e líderes do mundo da tecnologia.
Participação do Brasil e papel das agências de fomento
O Brasil marcou forte presença: centenas de empresas e startups brasileiras participaram organizadas em delegações lideradas por entidades como ApexBrasil e Sebrae, com um grande Pavilhão Brasil na área de exposição e programas de internacionalização, pitch training e agendas de negócios voltadas a investidores europeus.
Primeira Palestra: Agentic commerce
Sem dúvidas, ter a oportunidade em assistir à palestra sobre Agentic Commerce mudou nossa visão sobre o futuro do varejo.
Quando chegamos para assistir à palestra de Michael Komasinski, CEO da Criteo, no Web Summit Lisboa, imaginávamos que ouviria mais uma visão futurista e distante sobre IA no varejo.
Mas encontramos o contrário: uma conversa clara, direta e profundamente ancorada na realidade de quem vive, como nós, o desafio diário de entender o consumidor (no nosso caso, o paciente), estruturar dados e transformar inovação em resultado.
Michael tem mais de 20 anos de experiência em AdTech, e isso fica evidente no modo como ele articula tecnologia com comportamento humano.
Ele fala de IA sem hype, sem metáforas exageradas.
Ele fala de IA com a naturalidade de quem já testou, errou, acertou e viu ciclos inteiros de evolução do mercado.
E foi nesse clima que ele trouxe o conceito que dominou a conversa: agentic commerce.
O momento em que entendemos que estávamos vivendo um ponto de virada
Enquanto ele explicava como os agentes de IA estão transformando o início da jornada do consumidor, percebemos que não estávamos falando apenas de automação, e sim de uma nova forma de navegar pela internet.
Michael descreveu algo que todos nós já sentimos na pele: antes, para comprar qualquer coisa online, era preciso abrir abas, filtrar, pesquisar, comparar, interpretar avaliações… um processo cansativo, repetitivo e, muitas vezes, frustrante.
Agora, com um agente de IA, a experiência muda completamente.
Ele deu um exemplo simples:
"Pela primeira vez, você pode expressar a sua intenção exatamente como ela existe na sua cabeça."
E é verdade. Isso porque, por meio da IA, basta conversar.
Por que os agentes de IA conquistaram o topo do funil tão rápido
Michael organizou esse raciocínio de forma impecável:
1. A conversa virou interface
Quando a internet começou a “entender a gente”, a barreira de uso caiu.
E vemos isso, na prática, nos últimos meses: pessoas que não são tecnológicas passaram a usar IA com naturalidade.
2. Os agentes resolvem problemas reais
Eles não apenas mostram resultados… eles pensam junto conosco.
No Web Summit, tivemos a sensação de que estávamos vendo um novo buscador nascer, só que conversacional.
3. Personalização, finalmente, em escala
Essa parte nos marcou muito.
Michael explicou que tudo aquilo que o varejo tentou fazer durante anos com dados, algoritmos e segmentações… agora os agentes conseguem fazer em segundos.
É por isso que o topo do funil explodiu. É por isso que estamos todos usando IA para descobrir o que queremos.
Mas aí vem o grande ponto de ruptura: a IA não converte (ainda)
E aqui entra um dos trechos mais honestos da palestra.
Michael mostrou que, apesar de dominarem a descoberta, os agentes ainda não conseguem trazer o consumidor até o final da jornada.
E quando ele explicou por quê, tudo fez sentido: não é falta de inteligência. É falta de dados.
Ele relatou sua própria experiência tentando comprar pneus de bicicleta usando IA.
O agente entendia perfeitamente o que ele buscava…
Mas os produtos sugeridos eram incorretos, desatualizados ou indisponíveis.
Ou seja, a conversa era perfeita, mas o desfecho falhava. E isso nos mostrou algo fundamental:
a IA não supera dados ruins. Nunca.
Instant Checkout: o primeiro passo para corrigir isso
A OpenAI lançou o Instant Checkout, e Michael explicou por que isso é importante:
Ele mesmo afirmou: esse é apenas o começo, não uma solução completa.
E quando ele citou as tentativas recentes do Google e da Meta que não decolaram, ficou ainda mais claro que não existe salvador da pátria.
O futuro será distribuído, híbrido e competitivo.
O momento em que percebemos: o varejo não será monocultural por conta do Agentic Commerce
Michael reforçou algo que sempre sentimos nas operações que acompanhamos: o cliente gosta de escolher onde compra.
Ele confia em lugares, marcas, contextos. Por isso, os agentes dominarão a descoberta:
Isso vai criar um ecossistema mais rico, não mais centralizado. Onde essa visão toca diretamente nosso trabalho na Nagata & Gasparini
Enquanto ele falava, várias coisas nos vinham à mente sobre projetos que conduzimos:
1. Dados são a nova infraestrutura
Catálogos completos, limpos e normalizados não são luxo: são pré-requisitos.
A N&G vem apoiando muitas empresas exatamente nesse ponto: organização, padronização, consistência.
E agora sabemos que isso será ainda mais crítico para o agentic commerce.
2. Processos precisam ser redesenhados
Quando a IA entra na jornada, fluxos de atendimento, SAC, logística e canais precisam mudar.
Não dá para plugar IA em cima de processos antigos.
3. Estratégia digital precisa ser orientada por evidências
Michael reforçou algo que defendemos muito: não dá para navegar esse novo cenário com achismo.
É preciso entender incrementos, mensurar impacto, revisar investimentos e repensar canais.
Agentic Commerce? A IA abre caminhos, mas estratégia dá direção.
Saímos da palestra com uma certeza: estamos no início de uma nova era. E não é exagero dizer isso.
Michael Komasinski conseguiu traduzir de forma clara para onde estamos indo:
E, acima de tudo, uma transformação que exige maturidade de dados, visão estratégica e processos bem estruturados.
Essa combinação — tecnologia + estratégia — é exatamente onde a Nagata & Gasparini atua e onde vejo as maiores oportunidades para nossos clientes nos próximos anos.
Como entender o Agentic Commerce na saúde
Compreender o agentic commerce na saúde exige, antes de tudo, reconhecer que estamos entrando em uma nova lógica de relação entre pessoas, tecnologia e tomada de decisão.
Sabemos que esse conceito vai muito além do varejo, ele já impacta, diretamente, como pacientes descobrem serviços, interagem com marcas e tomam decisões de cuidado.
Nesse contexto, entender agentic commerce significa enxergar a IA como um intermediário ativo, capaz de interpretar intenções, comparar informações e recomendar caminhos de forma personalizada.
E, portanto, a saúde passa a operar em um ambiente mais rápido, conversacional e orientado por contexto.
Assim, em vez de apenas buscar “ressonância magnética perto de mim”, o paciente poderá expressar exatamente sua necessidade, e o agente fará todo o trabalho de triagem, análise e sugestão.
Além disso, esse movimento exige que clínicas e prestadores tenham processos organizados, dados consistentes e jornadas fluidas, porque agentes inteligentes só funcionam quando o backoffice é sólido.
Dessa forma, agentic commerce não é uma tendência distante, mas um modelo que já começa a moldar o acesso ao cuidado, a experiência do paciente e a estratégia digital de quem atua na saúde.