O termo building in public ganhou força nos últimos anos. Muita gente enxerga a prática apenas como uma estratégia de conteúdo, mas a palestra de Marie no Web Summit mostrou que ela é bem mais profunda: transparência pode se transformar em um verdadeiro motor de crescimento, difícil de copiar e extremamente valioso nos primeiros estágios de um negócio.
A seguir, você entende o que é building in public, por que funciona, como atrai os clientes certos e como até empresas tradicionais podem aplicar essa lógica.
O que é building in public?
Segundo Marie, a transparência nasceu de forma orgânica. Ela e o cofundador começaram publicando a receita no Indie Hackers, onde compartilhar números fazia parte da cultura. Eles fizeram isso desde o dia 1, sem intenção de marketing.
Esse “progresso exposto” acabou se tornando um fluxo natural de tração. E isso desmonta um mito comum: building in public não é sobre setor, e sim sobre a relação que você quer criar com sua comunidade.
Negócios de tecnologia fazem? Sim. Mas clínicas, consultorias, lojas e criadores também podem, porque o valor está em mostrar evolução real, não em mostrar números.
Por que building in public atrai os clientes certos
Transparência tem um efeito direto em aquisição. Quando você compartilha bastidores, atrai um tipo muito específico de público:
pessoas curiosas e engajadas;
early adopters com tolerância a produto em construção;
usuários que gostam de participar e ajudar a moldar algo novo.
Esse tipo de cliente não é movido por hype. Ele é movido por pertencimento.
No início, isso reduz churn e acelera o caminho até o product-market fit (PMF). São usuários que sabem que o produto está evoluindo e querem participar da jornada.
Transparência gera conteúdo que não soa como marketing
Um dos pontos mais fortes da fala de Marie é que conteúdo transparente não tem cara de campanha. Compartilhar marcos como “atingimos 1K MRR” ou “como encontramos nossos primeiros 100 clientes” soa como diário de bordo, e não como estratégia.
Esse é o diferencial do building in public:
parece conversa, não anúncio;
gera identificação imediata;
cria proximidade entre negócio e comunidade.
Isso vale inclusive para áreas como saúde. Clínicas que mostram bastidores de processos, melhorias internas ou projetos de experiência do paciente constroem uma narrativa de confiança muito mais sólida do que qualquer campanha publicitária.
Open roadmap: o poder de transformar usuários em co-criadores
Outro ponto decisivo é o roadmap aberto. A Tally permite que qualquer pessoa veja o que está em construção, sugira melhorias e participe de um Slack aberto para clientes.
Isso cria um efeito poderoso: o produto deixa de ser “deles” e se torna “nosso”.
Clientes que participam defendem o produto com mais força, compartilham, dão feedback útil e ajudam a aprimorar a oferta. Esse nível de pertencimento é um ativo difícil de copiar.
Por que transparência virou uma vantagem competitiva
Marie destacou que a transparência virou um USP (Unique Selling Proposition). Eles competem com empresas grandes, financiadas por fundos, que não expõem números, nem decisões, nem bastidores.
A Tally expõe.
E isso cria contraste imediato: “Essa empresa não tem nada a esconder.”
Em um cenário em que marcas soam cada vez mais fabricadas, o que é simples e real se destaca — e isso é praticamente impossível de copiar. É fácil copiar UI, funcionalidades ou preço; é impossível copiar o histórico público de alguém que construiu algo à vista da comunidade.
A presença do fundador como extensão do produto
Para Marie, a presença dela como “cara da Tally” faz parte da estratégia. Quando o fundador aparece, o negócio ganha pele, voz e responsabilidade emocional.
É um risco? Sim. Mas é também uma das forças mais poderosas para empresas em early stage.
A história não está somente no site; está nas pessoas que respondem, que mostram erros e acertos, que compartilham o processo real.
O que diferencia transparência de teatro de transparência
Building in public só funciona quando é prática interna, e não performance externa.
A “regra de ouro” é simples:
compartilhe o que você realmente vive;
compartilhe para aprender com os outros, não para impressionar.
Sem isso, building in public vira só show, e o público percebe.
Como empresas tradicionais podem aplicar building in public
Você não precisa publicar sua receita para praticar transparência estratégica. Empresas tradicionais, clínicas, escritórios, indústrias e marcas locais também podem usar uma versão adaptada do modelo:
divulgar melhorias reais em processos;
explicar decisões de produto ou serviço;
convidar clientes para testes antecipados;
abrir canais diretos de feedback;
transformar marcos em narrativa contínua.
Isso gera confiança incremental, que é uma das formas mais consistentes de crescimento.
Conclusão: transparência, comunidade e co-criação podem ser seu motor de tração
O building in public combina três forças essenciais:
transparência real;
comunidade engajada;
co-criação contínua.
Quando bem estruturado, vira um motor de crescimento sustentável, humano, estratégico e difícil de copiar.
Se você quer implementar um modelo assim, alinhando posicionamento público, estrutura interna e um fluxo de feedback contínuo, a Nagata & Gasparini pode ajudar. Desenhamos estratégias AI-first e people-first para construir tração com autenticidade e transparência, do jeito certo.